sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Casamento (Arnaldo Jabor)

Este filme, baseado numa peca de Nélson Rodrigues, onde um rico industrial da construção civil vai casar sua filha, é uma colcha de retalhos detalhando cenas da hipocrisia burguesa da época. Nélson Rodrigues realmente foi o nosso Shakespeare (até aparecer uma lenda ainda maior do que ele). Apesar de várias vezes transposto para o cinema, o pessoal acaba prestando mais atenção nas cenas de sexo e não no enredo. Pelo menos comigo foi assim na época em que "Os sete gatinhos", "Perdoa-me por me traires", "Bonitinha, mas ordinária", apareceram no cinema. Hoje, não sei mas na época foi. Por exemplo, no último filme, as pessoas até assistem mas acham normal toda aquela encenação. Não percebem, não analisam. No casamento, temos um casamento e o período pre-casamento. Na verdade, na época em que foi composta a peça, as mulheres literalmente viviam para o casamento. Os pais também.
Então lavar toda a roupa suja que antecede um casamento, isso é coisa para uma boa análise. O mais legal é que cada cena você espera algo diferente do que acontece. Nélson Rodrigues jogava com isso. A fantasia do casamento versus a realidade do casamento. O casamento como algo que santifica todas as imoralidades. Vale a pena prestar atenção nos detalhes de cada cena. Cada história paralela tem sua moral.

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