quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Diários de Motocicleta

Filme legal sobre a vida do Chê Guevara antes de virar Chê, quer dizer, quando ele era apenas um médico maluco que virou mochileiro (mais tarde virou mito e depois martir, mas isso é outra história). (Os adoradores do Chê que vierem me falar que ele não tinha uma coisa de maluco no meio da cabeça, bom, fiz mestrado em cima dos escritos dele, traga a cerveja que vai ser uma longa noite de discussão). Foi um grande sujeito, de qualquer forma.
O filme é baseado no diário do colega dele e não no diário que ele escreveu sobre as aventuras da dupla pela américa latina. Bom ressaltar isso.
No diário do Chê sobre a viagem, vemos outro Chê, alguém bem diferente, mais parecido com outras pessoas que colocaram um saco de dormir nas costas e foram conhecer o mundo.
O filme tem várias paisagens belissimas. Boas aventuras. Mas fica principalmente, aqui e ali, uma preocupação em louvar a figura daquele que ainda não era Chê, mas apenas Ernesto Guevara. Ou seja, um filme para louvar o mito. A única referência a luta armada ou revolução, qualquer coisa que lembre mudança social, nos escritos do Chê daquela época, estava lá no final do livro e com certeza era bem posterior à viagem. Foi só depois dessa viagem retratada no filme é que ele começa a virar algo parecido com ativista e começa a se interessar por política a sério (chequem na wikipedia ou com John Lee Anderson). Tem muito mais do livro de Alberto Granato (o companheiro) do que do livro que Chê escreveu.
O "Chê" mesmo só vai surgir depois de uma passagem por Honduras, onde ele presencia um golpe de estado financiado pela CIA. Foi lá inclusive que ele recebeu o apelido que virou parte do nome. Mas aí é outro Chê e lá pelo final da vida tem coisa que poucos conhecem.
Como filme, vai agradar. Mas é bom saber que quase todo mundo que conheceu essa grande figura, cada pessoa que viu ele de longe ou de perto, a maioria delas escreveu um livro contando esses momentos e sempre privilegiando o mito em detrimento do homem.

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